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Professor Leônidas Uma fotobiografia

Elisa Sobrino Porto, Renata Sobrino Porto e Caroline Elisa Haggerty

Capa

“…nele brilhava a beleza da literatura”
– Rubem Alves

Apresentação

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Apresentação

“Numa época em que o professor preferia ficar na posição de mero repetidor de manuais insossos, Leônidas Sobrino Porto fazia, solitário como o cavaleiro manchego, a sua pequena revolução pedagógica particular.”
– Zózimo

 

Leônidas Sobrino Porto nasceu em 31 de outubro de 1924 na cidade do Rio de Janeiro. Filho de Dr. Leônidas da Silva Porto (1885-1924), médico brasileiro, e de Concepcion Sobrino Porto (1896-1988), de nacionalidade espanhola, Professor Leônidas consolidou de forma magistral sua atuação profissional no cerne da educação brasileira do século XX.

Formação

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Formação

Professor Leônidas teve sua educação básica pautada no consistente conhecimento acadêmico e nos valores cristãos do Colégio de São Bento, dirigido e mantido pelos monges beneditinos do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro.

Em 1940, com apenas 16 anos de idade, graduou-se no Magistério Pedagógico do Ginásio de São Bento, referente ao atual ensino médio com habilitação para o magistério nas séries iniciais do ensino fundamental.

A partir deste momento e ainda como um jovem rapaz, inaugurou os 30 anos de sua vida que dedicaria ao magistério.

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Convite da solenidade de formatura do Ginásio de São Bento, 1940

Convite da solenidade de formatura do Ginásio de São Bento, 1940

Convite da solenidade de formatura do Ginásio de São Bento, 1940. Note-se o nome de Leônidas no número 4, sendo ele o orador da turma.

Na cerimônia de formatura do Ginásio de São Bento, o jovem Leônidas foi eleito orador da turma. Durante seu discurso de saudação, os presentes puderam vislumbrar o excelente conferencista que se tornaria em sua vida profissional.

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Diploma de Bacharel em Letras Neolatinas da Faculdade Católica de Fliosofia, 12 de Janeiro de 1945

Em 1945, aos 21 anos de idade, já com cinco anos de Magistério lecionando no próprio Colégio de São Bento, Leônidas graduou-se Bacharel em Letras Neolatinas na Faculdade Católica de Filosofia, atual Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

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Diploma de Licenciado em Letras Neolatinas Diploma da Faculdade Católica de Fliosofia, 10 de Janeiro de 1946

Logo em seguida, naturalmente, tornou-se Licenciado em Letras Neolatinas, tendo sido a educação o caminho que Leônidas percorreria por toda a sua vida.

 

Emilia

Emilia Navarro

Na faculdade de Letras Neolatinas, Leônidas foi aluno de Emilia Navarro Morales, conceituada professora de Espanhol. Suas aulas, muito vivas e instigadoras, motivaram gerações de alunos da Faculdade Católica de Filosofia.

Pouco se conhece sobre sua vida particular, sendo Emilia muito discreta a este respeito. Sabe-se que era espanhola, natural da Catalunha, provavelmente nascida em 1918. No final dos anos 30, saiu da Espanha com a mãe por causa da ditadura de Franco. Primeiro estiveram em Buenos Aires, e, em princípios dos anos 40, foram para o Rio de Janeiro. Apesar de ser graduada em Química, o Padre Alonso, então Reitor das Faculdades Católicas (atual PUC-Rio), convidou-a para assumir a cadeira de Espanhol no Departamento de Letras Neolatinas.

A decisão de Leônidas em se especializar em Língua Espanhola decorreu por influência direta da Professora Emilia Navarro, a quem considerava sua “mãe intelectual” e com quem estabeleceu posteriormente importantíssima colaboração acadêmica, inclusive na publicação de livros.

Bacharelandos


Convite para a cerimônia de colação de grau

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Convite para a cerimônia de colação de grau, 1951

Leônidas, ungido pelo rigor e religiosidade de sua ascendência espanhola, para a qual “um diploma de graduação era somente o início”, dedicou-se a uma segunda graduação na Universidade do Estado da Guanabara (atual Universidade Estadual do Rio de Janeiro, UERJ). Recebeu o título de Bacharel em Direito em 1951, que consagrou como um presente à sua mãe, Dona Conchita.

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Leônidas em sua colação de grau de Bacharel em Direito, 1951

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Diploma de Bacharel em Direito de Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, 1952

Logo após a graduação em Letras Neolatinas e concomitantemente ao Bacharelado em Direito, Leônidas cursou o Mestrado em Letras Neolatinas na Faculdade Católica de Filosofia, quando a parceria acadêmica com sua “mãe intelectual”  Emilia Navarro se consolidou por definitivo. E, já em 1950, tornou-se Doutor em Letras pela Universidad de Madrid.

Leônidas em sua colação de grau de Bacharel em Direito, 1951

30 anos de magistério

Professor

30 anos de magistério

Professor Leônidas entregou-se arduamente ao trabalho, reconhecendo no Magistério sua verdadeira vocação, da qual muito se orgulhava. Seu caráter, formado pela união da admirável têmpera beneditina à imanente religiosidade de suas raízes espanholas, fez com que adotasse o lema “Ora et Labora” como norteador de sua vida.

Brilhante e precoce, ingressou no Magistério aos 16 anos de idade como professor primário no próprio Colégio de São Bento, onde completara seus estudos básicos em 1940.

Em seus 30 anos de vida profissional ativa, Professor Leônidas exerceu conscienciosamente o Magistério, galgando, passo a passo, os diferentes degraus da carreira até chegar à posição de educador conceituado por todos quantos, de uma maneira ou de outra, se dedicam à Educação neste país. Viveu sua profissão como um verdadeiro Sacerdócio. Por meio de suas palavras, de seu exemplo de vida, de sua integridade moral e de sua alegria contagiante de viver e crer,  marcou a vida de milhares de jovens que passaram por suas salas de aula.

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Foto de turma do Colégio Pedro II

Professor Leônidas foi Catedrático de Espanhol no renomado Colégio Pedro II, tradicional instituição de ensino público federal, além de Professor Concursado do Estado do Rio de Janeiro.

Ainda, lecionou as cadeiras de Latim, Português, Espanhol e Francês em inúmeros colégios particulares do Rio de Janeiro, dentre eles o Colégio Santo Inácio e o Colégio Jacobina.

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Foto de turma do Colégio Jacobina, 1944

No ensino superior e na pós-graduação, atuou em diversas faculdades, lecionando, por exemplo, Língua e Literatura Espanhola na Faculdade Santa Úrsula, e Didática de Línguas Neolatinas na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Também foi palestrante na Escola de Comando e Estado Maior do Exército e ministrou cursos de Literatura Latinoamericana na Maison du Brésil de la Cité Universitaire de Paris.

Corpo Docente

Corpo Docente

Jacobina

Cartão do Colégio Jacobina

Certificado de Registo de Professores formados por Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras, 22 de abril 1948

Certificado de Registo de Professores formados por Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras, 22 de abril 1948

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Atestado de Colégio de São Bento, 18 de outubro 1955

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Com Dom Lourenço de Almeida Prado no Colégio de São Bento

Atestado do Colégio de São Bento, 18 de outubro 1955

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Exercito

Cartão indicando que o Professor Leônidas deu palestras na Escola de Comando e Estado Maior do Exército.

Instituto De Cultura Hispânica

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Carteira de identificação como convidado do Instituto de Cultura Hispânica de Madri durante o período de março a setembro de 1949.

Instituto De Cultura Hispânica, Madri

Após o término da Segunda Grande Guerra,  a Espanha desenvolveu um projeto centrado na difusão da Cultura Hispânica, sem conotação política alguma, e passou a criar os Institutos de Cultura Hispânica nos diversos países da América Espanhola.

Professor Leônidas foi convidado a participar do Instituto de Cultura Hispânica de Madri em março de 1949.

Em 27 de novembro de 1959, foi nomeado Membro Titular do Instituto.

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Madri, 27 de novembro 1959

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nomeação de Leônidas como Membro Titular do Instituto de Cultura Hispânica, Madri.

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Leônidas discursando em evento do Instituto de Cultura Hispânica.

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Próxima: Em Madri, em importante solenidade do Instituto de Cultura Hispânica, na qual esteve presente o generalíssimo Franco.

Foto

convite para palestra leonidas, como presidente insti cult his  sobre mito e metáfora Ruben dario

Instituto De Cultura Hispânica, Rio de Janeiro

Sob os auspícios do governo espanhol, foi fundado no Rio de Janeiro, em 30 de maio de 1956, o Instituto Brasileiro de Cultura Hispânica. Desde muito cedo, Professor Leônidas trabalhou arduamente para sua instalação e manutenção.

O primeiro presidente do Instituto foi o Professor Pedro Calmon, então reitor da Universidade do Brasil. Foi neste contexto que o Professor Leônidas se dedicou intensamente ao desenvolvimento das atividades do Instituto.

Durante este período, o Instituto de Cultura Hispânica do Rio de Janeiro teve grande relevância, tornando-se o principal núcleo de ensino de Espanhol na cidade.

Diário Carioca, 26 de augusto 1954

Acima, publicação no Diário Carioca, em 26 de agosto de 1954, sobre prêmio  recebido pelo trabalho “A  alma espanhola de José Martí”. Ao lado, declaração do Instituto Brasileiro de Cultura Hispânica outorgando primeiro lugar ao ensaio de Professor Leônidas.

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Professor Leônidas sendo condecorado em solenidade do Instituto de Cultura Hispânica.

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Professor Leônidas discursando entre embaixadores sulamericanos, o Embaixador do Brasil na Espanha e o Reitor Professor Pedro Calmon.

 

Próxima: Don José Luis Litago y Martínez Gellido, Ministro Encarregado de Negócios da Espanha , Dr. Adolfo Follo Martínez, Embaixador do Uruguai, Dr Djacir Lima Menezes, Reitor Magnífico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Dr. Pedro Calmon

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Próxima: Don José Luis Litago y Martínez Gellido, Ministro Encarregado de Negócios da Espanha , Dr. Adolfo Follo Martínez, Embaixador do Uruguai, Dr Djacir Lima Menezes, Reitor Magnífico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Dr. Pedro Calmon

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Ao longo dos anos, outros grandes grupos se interessaram principalmente pelo ensino da língua e cultura espanholas, como a Casa de Espanha e o curso Cervantes.

Assim, o Instituto Brasileiro de Cultura Hispânica deixou de ser o único núcleo de difusão da cultura hispânica na cidade e atualmente centraliza suas atividades num prédio no Centro do Rio de Janeiro.

Casa do Brasil, Paris

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Leônidas em Paris

Casa do Brasil, Paris

Em 1960, Leônidas foi convidado pelo então Ministro da Educação, Dr. Clovis Salgado, a assumir a direção da Casa do Brasil na Cidade Universitária de Paris. Aceitou o posto e, em meados do ano, mudou-se para a Maison du Brésil com sua esposa e seus seis filhos pequenos.

Por dois anos atuou não somente como diretor administrativo, mas sobretudo, promoveu intensa atividade cultural na Maison.

Muito importante foi sua contribuição no Institut d´Amérique Latine, no qual lecionou elogiados e concorridos cursos de Literatura Latinoamericana: Érico Veríssimo e sua obra “O tempo e o vento”, Clarice Lispector e “O romanceiro da inconfidência”, e  Mario Palmério e “A vila dos confins”.

Professor Leônidas participou também de alguns Congressos de Educação, apresentando relevantes trabalhos sobre Literatura e Educação.

Ao mesmo tempo em que dirigia a Casa do Brasil em Paris, foi nomeado também diretor da Casa do Brasil em Madri, ainda em construção.

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Próxima: Cartão postal da ‘Maison du Brésil’ em Paris, França

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Cartão de visita de Leônidas como Diretor da “Maison du Brésil”

Carte de Séjour de Résident Ordinaire

Carte de Séjour de Résident Ordinaire

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Paris

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Professor Leônidas e seus colaboradores diretos na direção da Casa do Brasil em Paris na entrada da Maison du Brésil.

Leonidas com a administradora da casa Mme Eehulka e

Professor Leônidas e seus colaboradores diretos na direção da Casa do Brasil em Paris em frente à Maison du Brésil, abaixo do alojamento dos estudantes.

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Interior da casa do Diretor da ‘Maison de Brésil’, projeto do Professor Lúcio Costa e de Le Corbusier.

Em frente à Casa do Brasil, com o arquiteto Escragnole, que projetou a Casa do Brasil de Madri (então em construção), e Botelho, estudante da Casa do Brasil de Paris.

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Em frente à ‘Maison de Brésil’, com o arquiteto Escragnolle, que projetou a Casa do Brasil de Madri (então em construção), e Botelho, estudante da Casa do Brasil de Paris.

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Professor Leônidas exerceu grande atuação como diretor administrativo da Casa do Brasil, mas principalmente revigorou a atividade acadêmica e cultural local, promovendo diversos cursos, palestras, exposições, concertos musicais e recitais.

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Próximas:

Em um evento na Cidade Universitária, Professor Leônidas no pavilhão do Brasil.

Em uma exposição de pintura na Casa do Brasil, acompanhado de sua esposa Elisa e seus filhos mais velhos, Teresa, Maria Carmen e Miguel.

 

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Durante sua gestão, Professor Leônidas hospedou personalidades ilustres como o ex-presidente Juscelino Kubitchek, que, a seu convite, apresentou uma palestra na Maison sobre seu governo e sobre o Brasil em geral.

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Juscelino Kubitchek fazendo uma palestra sobre o Brasil.

Casa do Brasil, Madri

Assinando o acordo para o construção da Casa do Brasil em Madri

Assinando o acordo para o construção da Casa do Brasil em Madri

Casa do Brasil, Madri

Assim como havia sido criada a Casa do Brasil na Cidade Universitária de Paris, os governos brasileiro e espanhol se programaram para fazer o mesmo na Espanha: criar um colégio em Madri com a finalidade de divulgar a língua e a cultura brasileiras.

Enquanto era Diretor da Casa do Brasil em Paris, Professor Leônidas foi nomeado também Diretor da Casa del Brasil, a ser construída na Cidade Universitária de Madri.

Assumiu a gestão em 29 de julho de 1960 e, durante a construção da Casa, viajava periodicamente de Paris a Madri, em contato constante com o arquiteto brasileiro Luis Afonso d’Escragnolle Filho, escolhido para a realização do anteprojeto do colégio.

Como representantes do Ministério da Educação e Cultura do Brasil, ambos ficaram responsáveis pela direção das obras e pelas relações diplomáticas com as autoridades espanholas acerca das providências a serem tomadas para a concretização da nova Casa.

Professor Leônidas assinando o acordo para a construção da Casa do Brasil em Madri, em 1960.

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Na cidade universitária, placa mostrando onde a Casa do Brasil seria construída.

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No terreno da futura Casa do Brasil de Madri, professor Leônidas em meio ao arquiteto Escragnolle e outros responsáveis pela Casa.

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Professor Leônidas discursando antes da colocação da primeira pedra da construção da Casa do Brasil em Madri.

Em 1962, a Casa del Brasil foi inaugurada e Professor Leônidas cessou sua função representativa do Ministério da Educação e Cultura do Brasil na Espanha, entregando a direção da Casa ao Professor Joaquín da Costa Pinto Netto.

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A colocação da primeira pedra da construção da Casa do Brasil em Madri.

Atualmente, além de servir de residência para estudantes e de espaço para a realização de exposições de artes, conferências, lançamentos de livros e outros eventos relacionados à comunidade brasileira na Espanha, a Casa oferece diversos cursos e funciona como uma das sedes para a aplicação dos exames de proficiência CELPE-Bras. O curso de Português como Língua Estrangeira da Casa del Brasil é reconhecido pela Universidad Complutense de Madrid e outras universidades, como a Universidad Politécnica.

Próxima: A Casa do Brasil na cidade universitária de Madri, Espanha

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Ministério de Educação

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Ministério de Educação

Em 29 de abril de 1964, Professor Leônidas foi nomeado Diretor Geral do Departamento Nacional de Educação pelo Presidente da República Marechal Castelo Branco.

Professor Leônidas exerceu intensa atividade no cargo durante dois anos. Viajou por todo o território brasileiro, visitando estabelecimentos de ensino, dando aulas, palestras e promovendo cursos e exposições.

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Professor Leônidas apresentando projetos ao Presidente da República Marechal Castelo Branco.

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Professor Leônidas palestrando ao lado do Professor Arnaldo Niskier.

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Professor Leônidas com Gildásio Amado entre outros.

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Professor Leônidas discursando em Macapá, tendo a seu lado o Governador do Amapá.

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Exposição organizada pelo Professor Leônidas no Rio de Janeiro.

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Professor Leônidas dando autógrafos.

MEC

Ira

Congresso Mundial no Irã, 1965

“A delegação brasileira que comparecerá ao Congresso Mundial sobre a Eliminação do Analfabetismo, a realizar-se de 8 a 19 do corrente, em Teerã, vai expor a política de alfabetização no Brasil, além de anunciar o propósito do nosso Govêrno em integrar-se plenamente na Campanha Mundial de Alfabetização, promovida pela UNESCO[…].

Posição do Brasil

A delegação assim definirá naquele congresso, a posição do Brasil no combate ao analfabetismo: 1 – Em nosso País tem prioridade a alfabetização de crianças em idade escolar primária[…].

Segundo o professor Leônidas Sobrino Pôrto […] o MEC dá grande importância à utilização de material didático audiovisual e às possibilidades propierdas pelo rádio e pela televisão. […]

Apoio na Realidade

Explicou ainda, o Prof. Leônidas Sobrino Pôrto que a posição do MEC ao estabelecer prioridades para combate ao analfabetismo visa ao desenvolvimento social e econômico do País dentro da realidade brasileira, de vez que a nossa pirâmide populacional demonstra a necessidade imediata de alfabetização de crianças e adolescentes, por serem êstes em muito maior número do que os adultos – o que aliás é uma característica de todos os países jovens. […]”

Conselho Estadual de Educação

Conselho

Conselho Estadual de Educação

Após retornar de sua missão representativa do Brasil na França, Professor Leônidas foi reconduzido ao Conselho Estadual de Educação em 24 de outubro de 1964 por um período de dois anos.

 

 

Documento assinado por Carlos Lacerda, reconduzindo o Professor Leônidas ao Conselho Estadual de Educação.

Conselho-Federal

Reunião do Conselho Federal de Educação em 1966. Professor Leônidas  ao centro e, à sua frente, a professora Edília Garcia.

Enquanto membro do Conselho Estadual de Educação, Professor Leônidas participou de muitas reuniões conjuntas com Conselho Federal de Educação.

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Professor Leônidas cumprimentando o então Ministro da Educação, tendo a seu lado Dom Lourenço de Almeida Prado.

Seus parceiros e grande amigos, entre outros prof Carlos Flexa Ribeiro, Dona Edilia Garcia, Dom Lourenço de Almeida.

Seus parceiros e grande amigos, entre outros, Professor Carlos Flexa Ribeiro, Professora Edilia Garcia e Dom Lourenço de Almeida Prado.

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Em banca das exames no Colégio de São Bento.

Seus parceiros e grande amigos, entre outros, Professor Carlos Flexa Ribeiro, Professora Edilia Garcia e Dom Lourenço da Almeida Prado.

Unesco

Documento listando os membros do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC)

Professor Leônidas também foi membro atuante do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC).

Delegue-Unesco

Visita a escolas nos Estados Unidos

Carta-US-Embassy

Visita a escolas nos Estados Unidos

Em 1966, Professor Leônidas foi convidado pelo então ministro americano Philip Raine para participar de um programa de intercâmbio cultural nos Estados Unidos, com o objetivo de divulgação das metodologias e estabelecimentos de ensino do país e de troca de experiências entre expoentes brasileiros e americanos na área educacional.

Em março e abril do ano seguinte, Professor Leônidas visitou escolas e universidades em diversas cidades americanas: Nova Iorque, Boston, Detroit, Chicago, Milwaukee, Salt Lake City, São Francisco, Los Angeles, Phoenix, Dallas, Nova Orleans, Atlanta e Miami.

Nesses dois meses em que esteve nos Estados Unidos, buscou conhecer pelo menos um tipo de estabelecimento de ensino em cada segmento educacional: escolas urbanas e rurais, high schools, colleges, comprehensive schools, universidades pequenas, médias e grandes.

Ainda, trocou experiências com especialistas na área sobre material didático, organização curricular, formação de professores, Conselhos de Educação e tecnologias educacionais, em especial a televisão educativa recém-implantada nos Estados Unidos.

Foi uma viagem muito proveitosa para ambos os países; contudo, infelizmente não há registros fotográficos desse projeto.

Estados-Unidos

Carta do Professor Leônidas ao adido cultural dos Estados Unidos, 1967.

Série Cadernos Didáticos

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Série Cadernos Didáticos

A editora Série Cadernos Didáticos foi fundada pelos irmãos Leônidas e Vicente Sobrino Porto, ainda jovens, em sua própria casa.

Sendo ambos professores, costumeiramente preparavam fichas de exercícios para seus alunos. E como esses materiais se mostraram comprovadamente eficientes em suas práticas cotidianas, os irmãos Sobrino Porto os compilaram e decidiram sistematizá-los em livros-cadernos. Assim surgiram os diversos cadernos didáticos de autoria dos Professores Leônidas e Vicente, como por exemplo o Caderno de Verbos Portugueses, de Latim, de Geografia, e de material para alfabetização.

Mais tarde, os irmãos editaram livros de própria autoria e em coautoria com outros educadores e intelectuais. Em pouco tempo, a editora Série Cadernos Didáticos passou a publicar livros de diversos autores e tornou-se renomada em todo o Brasil.

O livro mais conhecido da Série Cadernos Didáticos chamava-se “A Mágica do Saber”. Com atividades de Matemática e Língua Portuguesa, foi utilizado nos cinco anos do antigo ensino primário (atual ensino fundamental – séries iniciais) por praticamente uma geração inteira de estudantes brasileiros.

Obras publicadas

Capas

Obras publicadas

De Garcia Lorca 1954
Antologia espanhola e Hispânico americana- 1 edição 1944
Joaquim Nabuco y La dualidad de La alma americana 1949-
O transoceanismo literário hispano americano 1953
El espanol em La ensenanza secundaria brasilena 1953
Animal de fondo – Sobre o poeta espanhol Juan Jamon Jimenez 1963
Pela Editora Série cadernos Didáticos diversas obras publicadas entre elas cadernos de exercícios de Português, geografia, conhecimentos gerais etc
Tres Poetas Del Brasil (Tradução e prólogo) Madri 1950
A Festa do Idioma (em colaboração com outras professoras)
Cadernos de verbos espanhóis (em colaboração com a prof. Emilia Navarro 1963)
Lengua española (em colaboração com a prof. Emilia Navarro) 1969
No Conselho Estadual de Educação, inúmeros pareceres (sozinho ou em colaboração com outros colegas) publicados nas revista especializada do Conselho
No Livro Rio Ano 2000 da Comissão do Ano 2000, toda a parte sobre Educação é obra de Leônidas
Panorama educacional brasileiro -Conferência pronunciada na Escola Superior de Guerra em 1970 e publicada nos anais da ESG

Escolas Leônidas Sobrino Porto

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Escola Municipal Leônidas Sobrino Porto, Londrina

Verso: Carta da Prefeitura de Londrina 15/6/71
Próxima página: Alunos da escola, 2012

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Escola-Bangu-jornal

Escola Municipal Leônidas Sobrino Porto, Bangu

A Escola Municipal Leônidas Sobrino Porto em Bangu foi inaugurada em 3 de abril de 1972.

Jornal do Brasil 31/3/71

Escola-Bangu

Elisa Sobrino Porto e familia numa visita a escola, 2012

Elisa Sobrino Porto e família numa visita a escola, 2012

 

A entrada da escola, 2012

Homenagens

A Medalha Anchieta por relevantes serviços prestados a educação, Novembro 1965

A Medalha Anchieta por relevantes serviços prestados a educação, Novembro 1965

Objetivo-Hispanico

Obituário no Objetivo Hispanico

LEONIDAS SOBRINO PORTO (✝) Faleceu no Rio de Janeiro o Professor Leônidas Sobrino Porto, presidente do Instituto Brasileiro de Cultura Hispânica da capital. Licenciado em Direito e línguas latinas na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Ele completou os estudos de doutorado em Filosofia na Universidade de Madrid como um erudito do Instituto de Cultura Hispânica, sendo o seu diretor da tese o don Dámaso Alonso. Ele praticava o ensino da língua espanhola e literatura em várias instituições brasileiras: Colégio Dom Pedro II, Faculdade de Santa Úrsula, Universidade Católica da Universidade Federal, e do Departamento de Espanhol da Educação e Secretaria de Cultura de Distrito Federal. Ele tem publicado vários trabalhos de crítica e estudos literários. Em 1968 ele publicou, em colaboração com a Professora Emilia Navarro, um texto moderno para o ensino de espanhol que carrega várias edições. Membro do Instituto Brasileiro de Cultura Hispânica desde a sua criação, foi eleito presidente do mesmo em 1964, tendo desenvolvido um trabalho brilhante e eficaz, tanto para o impulso que deu os cursos de espanhol, como para a determinação que sempre colocou na difusão da cultura espanhola. O ano passado estava em Madrid como parte da delegação brasileira que participou do I Congresso dos Ex-alunos e Estudantes Ibero-americanos em Espanha, convocada pelo Instituto de Cultura Hispânica. Descanse em paz, este grande amigo e colaborador inestimável.

Cláudio Gil – O semeador Leônidas Sobriño Pôrto

O-Semeador

Para quem desfrutou do privilégio de conviver com Leônidas Sobrino Pôrto é difícil acreditar que êle partiu.

Perplexo diante da notícia e duvidando do fato, só usando de eufemismo: partiu. Ficou encantado, cativo em algum livro didáctico que tanto difundiu; ou alguma canção ou poema de Ruben Dario. Quem sabe, no poema “A lãs cinco en ponto de la tarde” de Garcia Lorca?

Uma coisa tenho como certa: êle avança firme e serenamente por sua estrada. E aqui não é eufemismo. Porque homens como aquêle não morrem. Morte sugere parada brusca, como o do seu grande, incomensurável coração; sugere fim, descanso eterno.

Em se tratando de Leônidas essas sugestões são absurdas, inexactas, simplistas e materiais. Leônidas não descansa nunca, porque mesmo em repouso caminha. Nunca distinguiu a noite do dia, na sua ânsia de semear.

Semear a verdade, a beleza e a justiça em cada sala de aula, em cada novo amigo.

Semear o amor em seus filhos, para reduzir a esterilidade das almas e a dureza dos corações que proliferam pelo mundo afora.

Semear a confiança e a alegria, onde só havia tristeza e temor.

Semear a luz da alfabetização num mundo desigual e cheia de trevas.

Êle não chegou à alegria da farta colheita, mas esse homem viveu e vive imenso número de vidas: é um pouco filho de cada mulher e um pouco pai de cada criança. Caminha por todas as estradas e em todos os sêres se sente viver, pela capacidade de amar o próximo e semear o bem. Pelas transformações que efectuou em pessoas e grupos.

Leônidas não morreu, porque vida como a sua, por mais curta que seja, não se distingue da imortalidade e seu dia é o infinito.

Ver-nos-emos em alguma curva do caminho quando direi: Você só nos deu um desgôsto: Partiu tão bruscamente, sem avisar nem nada! Isto não se faz.

Nota: Neste artigo aplicamos alguns conceitos de vida perfeita do pensador argentino Constancio Vigil.

com Dromício proença

Professor Domício Proença Filho

Domício Proença foi aluno do Professor Leônidas no Colégio Pedro II. Vendo em Domício grandes qualidades e propensão ao magistério, Professor Leônidas o incentivou e o indicou a diversos colégios, inclusive a seu primeiro emprego. Tornaram-se grandes amigos.

Recentemente, ao ser empossado como “imortal” na Academia Brasileira de Letras, Domício mencionou Professor Leônidas como seu incentivador. Evanildo Bechara, em seu discurso de recepção a Domício Proença Filho, também relembrou a importância do Professor Leônidas na formação do acadêmico: 

“O velho Pedro II! Onde se sedimentaram amizades – irmãs para toda a vida, e onde também despontaram suas primeiras grandes admirações: Olmar Guterres da Silveira, o professor exemplar, o orientador, que lhe apontou o caminho da Faculdade de Letras; Afrânio Coutinho, primeiro deslumbramento diante da literatura brasileira, mestre e modelo; Leônidas Sobrino Porto, que lhe revelou o encantamento da língua e da literatura de Espanha.”

 

 

Professor Leonidas com o ex-aluno Domício Proença Filho

Rubem Alves

Rubem Alves

O novo professor, Leônidas Sobrinho Porto, entrou na sala sorridente e começou: – “Temos dois problemas preliminares para resolver. Primeiro, essa caderneta onde deverei registrar sua presença. Quero dizer que todos vocês já têm 100% de presença. Se não quiserem assistir às minhas aulas, não precisam. Eu lhes darei presença. Segundo: as provas que vocês terão de fazer para passar de ano. Quero dizer que não haverá provas. Todos vocês já passaram de ano. Resolvidas essas duas questões preliminares irrelevantes, podemos nos dedicar ao que importa: literatura…”.

Aí ele começou a falar coisas que nunca tínhamos ouvido. A literatura se encarnou nele. Ele ficou ‘possuí­do’ e começou a viver as grandes obras literárias bem ali, na nossa frente. Não pediu que comprássemos livros ou que lêssemos. Sabia que não sabíamos ler; só sabíamos juntar letras… Não tínhamos o poder para surfar sobre as palavras. Se fôssemos ler, a leitura seria tão mal feita que acabaríamos por detestar o que líamos. E ele, possuído, ia tornando vivas as obras literárias. Ficamos seduzidos. Ninguém faltava às suas aulas. Ninguém falava. Ao ouvi-lo, éramos tocados por sua autoridade mansa e maravilhosa.

Como professor e funcionário de um colégio, tinha autoridade para nos obrigar. Mas sabia que há coisas que não podem ser feitas com a autoridade de fora. As coisas que têm a ver com a alma só podem ser feitas com a autoridade de dentro. Bachelard escreveu em algum lugar que só se convence despertando os sonhos fundamentais. O professor Leônidas nos fazia entrar no mundo dos sonhos. Não precisava valer-se da autoridade exterior. Sua autoridade brotava de dentro e nós a reconhecíamos.

Fontes:
“A autoridade de dentro” por Rubem Alves – Revista Educação
http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/142/artigo234538-1.asp

“Sem notas e sem freqüência” por Rubem Alves – Revista Educação
http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/107/artigo233821-1.asp

Família

Prof. Leônidas e sua esposa em Florença, em 1970, após ter participado de um Congresso em Roma.

Prof. Leônidas e sua esposa em Florença, em 1970, após ter participado de um Congresso em Roma.

Família

Professor Leônidas, filho de Dr. Leônidas da Silva Porto (1885-1924), médico brasileiro, e de Concepcion Sobrino Porto (1896-1988), de nacionalidade espanhola, nasceu em 31 de outubro de 1924 na cidade do Rio de Janeiro. Era o irmão mais novo de Anna Maria (1918-1974) e Vicente (1920-1986).

Casou-se com Elisa Castello Branco de Moraes em 20 de dezembro de 1951. Elisa, nascida em 4 de fevereiro de 1932, fez os estudos básicos no Colégio Sacré Coeur de Jesus, cursou a Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e é diplomada em tradução e versão Francês-Português. Leônidas e Elisa tiveram oito filhos que ramificaram esta frondosa árvore em 22 netos e, até a presente data, cinco bisnetos.

Seu súbito falecimento de infarto do miocárdio, em 11 de janeiro de 1971, aos 46 anos de idade, foi pranteado por sua mãe Conchita, sua esposa Elisa, seus filhos, irmãos, sobrinhos, amigos e antigos alunos.

Professor Leônidas e sua esposa Elisa em Florença, em 1970, após ter participado de um Congresso em Roma.
Próxima: Leônidas com sua mãe, esposa e filhos em 1966. No sentido horário do canto superior esquerdo: Teresa, Miguel, Maria Carmen, Luis Cristovão, Maria Elisa, Elisa (esposa), Leônidas, Dona Conchita (mãe), Isabel e Luciano.

Leônidas e família, 15 de novembro 1966

Leônidas e família, 15 de novembro 1966

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Seus irmãos, Anna Maria Porto Cursino de Moura e Vicente Sobrino Porto, também eram professores.

Anna Maria era compositora de música para orquestra e musicou diversos poemas de grandes poetas como Manoel Bandeira, Augusto Frederico Schmidt, Olavo Bilac, bem como compôs músicas baseadas no folclore brasileiro, canções de ninar e peças infantis. Em sua carreira de magistério, lecionou na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro até seu falecimento, em 1974. Escrevia um livro sobre música quando faleceu subitamente de aneurisma cerebral, deixando esposo, Paulo César, e filhos.

Vicente foi professor emérito de Direito Romano na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e professor concursado da Faculdade Federal de Direito de Niterói (atual Universidade Federal Fluminense), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e do Colégio Pedro II. Foi Diretor de Ensino Superior do Ministério da Educação e membro do Conselho Federal de Educação. Juntamente com seu irmão Leônidas, foi fundador e diretor da Série Cadernos Didáticos. Faleceu em 1986 após longa enfermidade, deixando esposa, Marly, e filhos.

 

 

 

 

Anna Maria, Dona Conchita e Vicente.

Fim

Professor Leônidas Uma fotobiografia

Ele não nos ensinou literatura. Ensinou-nos a amar a literatura.
-Rubem Alves

 

É com grande emoção que juntamos esta coleção de fotos e documentos sobre a vida profissional do Professor Leônidas Sobrino Porto.

Elisa de Moraes Sobrino Porto, viúva do Professor Leônidas, é apaixonada por Genealogia. Com orgulho da história da família, selecionou cuidadosamente as fotos e documentos e narrou emocionadamente às suas netas a biografia de Leônidas.

Renata Sobrino Porto, neta do Professor Leônidas, é bacharel e licenciada em Letras e mestre em Estudos da Linguagem. Cursou o Doutorado em Linguística e é especialista em Educação Infantil e Psicopedagogia. Inspirada pela história de seu avô, redigiu os textos.

Caroline Elisa Haggerty, neta do Professor Leônidas, é bacharel em Design e profissional em estratégia, design e construção de sites. Com dedicação e consistência ímpares, desenhou e criou o website em honra à memória e ao legado de Leônidas.

 

Elisa Sobrino Porto, Renata Sobrino Porto e Caroline Elisa Haggerty